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Cinema e divulgação científica - parte I

Numa sociedade inteiramente permeada pela expectativa do avanço técnico-científico é natural que um meio de comunicação, como o cinema, seja um distribuidor de conhecimento pela sociedade. “O cinema encarnou a modernidade através da velocidade, dos efeitos especiais, da urbanidade e multidão de consumidores, mas ele significou um meio extraordinário de circulação do conhecimento, de experiências e valores culturais”; pois “ciência secreta não é ciência” já dizia Burkett.

A ciência no cinema não abarca somente os filmes ditos de ficção científica e os documentários. Os dramas e as comédias mostram em seu conteúdo a penetração da ciência em nossa cultural áudio-visual. O cinema vem representando a ciência, o cientista e suas representações sócias desde 1902. 

A ciência ora é venerada pelas suas maravilhosas realizações, ora é criticada por suas falhas, o cinema cria e descria; soluciona os males da humanidade ou a destrói, trazendo com as novas tecnologias a promessa do bem e do mal.
O Dia Depois de Amanhã (2004)

O cinema é o palco das liberdades onde o tempo/espaço são ignorados; a lógica é construída a seu bel prazer; dissolvem-se as fronteiras do humano e não-humano, brincam com a realidade e a ficção; interrogam os limites da sabedoria humana, contradizem os status quo; fazem viagens a lugares inimagináveis e contam as narrativas cotidianas. A ficção científica parece torna-se a ficção da atualidade, ganhando respeitabilidade no mundo acadêmico.

Todavia cinema é diversão e entretenimento, ou seja, a linguagem fílmica adota liberdades que a ciência não possui, por exemplo, no filme Um dia depois de amanhã (2004), a Idade do Gelo ocorre em uma semana, ao invés de décadas ou centenas de anos. A ciência no cinema é inventada para criar um enredo emocionante. Porque, para o produtor de cinema, a questão da ciência não é prioritária, apenas é um meio para se alcançar um fim (o fim de estilizar a estória, tornando-a fantástica).

De volta para o Futuro (1985)
A primeira imagem, de cientistas, que vem a cabeça é o químico Doc, De volta para o futuro (1985), ele reproduz o cientista excêntrico, distraído, solitário com seu laboratório bagunçado cheio de tubos de ensaio e máquinas estranhas. O mesmo ocorre com o médico psiquiátrico em O laboratório do doutor Galigari; em A mosca (EUA, 1986); entre outros inúmeros que poderíamos citar; contém a imagem estereotipada dos cientistas.

Mas antes de tudo o gênero da ficção científica, mesmo sendo considerado um gênero fantasioso, questiona os valores da nossa sociedade, nos fazendo lembrar que a tecnologia ao mesmo tempo em que nos pode ser benéfica, também traz ricos e perigos. No filme A mosca Brundle queria mudar o mundo para melhor com suas experiências, mas em vez disso, conseguiu mudar apenas o seu próprio mundo do qual ele se exclui com um tiro de espingarda pedida a Ronnie.




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