Diego de Moraes - O irreverente, parte 2!
Então galera, ontem rolou aqui no blog a primeira parte da entrevista com o Diego de Moraes.. Hoje vocês vão ficar sabendo como é a relação dele com suas bandas, se rola ciúmes, rixas. Como ele encara as criticas e muitos mais.
Casal Lalio: O que você diria sobre o rótulo “Artista de Festivais”? Fale sobre os prêmios que já ganhou em festivais e quais razões você dá a esse sucesso.
Diego de Moraes: Nunca me vi como um “festivaleiro” (termo ás vezes usado para designar os participantes de festivais competitivos, resquícios da "Era dos Festivais" dos anos 60) . Participei de festivais aproveitando o espaço para mostrar minhas coisas. Mas não quis me limitar à lógica competitiva que esses eventos sugerem. Uma grande repercussão para a minha música veio dos festivais de música Independente, da Abrafin, que não são competitivos, mas são "mostras", como "vitrines" para as bandas.
Em 2006 fiquei em 3º lugar com o “Todo Dia” no Festival Sesi de MPB e Violeiros (que foi a música mais comentada na ocasião). Até hoje o maestro Jarbas, da banda Pequi, comenta essa minha participação lá, de uma maneira positiva.
No mesmo ano ganhamos o festival NoCapricho, enquanto “Diego e Os Imoraes”. O que foi outra surpresa, pois formamos uma banda de caras feiosos, naquele evento de moda. Com toda certeza, eu fui o único cara feio, sem pinta de galã da Malhação, que estampou a revista Capricho em toda a sua existência (risos).
Ás vezes dei a sorte de ser avaliado por jurados que não queriam ouvir o mais-do-mesmo apenas. Como disse o Jarbas, algo que é enaltecido por um corpo de jurados, pode ser rechaçado por outro júri. É imprevisível.
Casal Lalio: Como você encara a crítica?
Diego de Moraes: Hoje, com muita tranqüilidade. Acho importante o trabalho da crítica, o debate que ela provoca. É muito bom ler um texto corajoso nessa nossa época de tanta bundamolice. Melhor ler um texto que me provoca a discórdia, do que um que só repete o que eu já sei ou penso. Tem uns jornalistas imbecis que só vêem a superfície, só repetem o release ou o que já foi escrito – é a tal da ‘imprensa preguiçosa.
Tem jornalista que respeito, mesmo sem concordar com sua opinião; principalmente quando percebo um esforço de compreensão do objeto analisado. Curto muito, por exemplo, os textos do Sanches do site Farofafá.
O que incomoda mais é quando você vê que é uma crítica cheia de ressentimento, de mágoa. Agora, se o cara está expondo a opinião dele, de uma forma sensata, acho bacana, pois posso me repensar a partir de uma crítica - seja pra reafirmar meu ponto de vista ou pra rever minha ação no mundo.
Casal Lalio: Fale sobre os prós e contras do primeiro Cd Diego de Moraes e o Sindicato
Diego de Moraes: Os prós envolvem o fato de ter sido visto, de uma forma geral, como uma boa ‘estréia em disco’ ou ‘debut’ (embora antes já tivesse demo e EP). O Eduardo Kolody caprichou na mixagem. Conseguimos fazer o nosso melhor, dentro da situação em que gravamos.
Um ponto muito positivo foi contar com a participação do Astronauta Pinguim, que é um cara que admiramos muito. Musicalmente é bem diverso. Buscamos definir uma sonoridade, na qual aparece a idéia das canções ao violão, rodeadas por uma banda com muitas intervenções criativas nos arranjos, mantendo um diálogo com o ouvinte.
Agora, enquanto composição, os “contras”, talvez: penso que tem umas passagens que se sobrepõem a outras. Algumas músicas do disco são 'antigas' para mim - as que escrevi com meus 15/16 anos. Minha Amiga”, por exemplo, acho que foi a 2ª música que escrevi na vida (quando nem sabia fazer pestana).
E em outras, escrevi com mais clareza dos meus objetivos. Nas letras sobressai um tom confessional. Tratando de temas bem abrangentes (nostalgia, cotidiano, luta pela sobrevivência, um amor que se foi, amizade, o comércio da fé, a defesa da liberdade, etc), que fazem “parte de nós”. Eu não olho pra esse disco como um produto apenas, mas como o resultado de um processo, como um negócio que é “parte de nós” (“só uma” das partes que nos integra) e que “parte de nós”, no sentido de “estar partindo” da gente.
Casal Lalio: Qual o Show da sua vida?
Diego de Moraes: O último que fiz, pois é o que brilha mais na memória, sempre. Agora, um dos melhores shows (o momento que ele representou) foi em agosto, no Rumos Itaú, com o Astronauta Pinguim. Foi um “dia de princesa”.
Casal Lalio: Quais são os integrantes do Pó de Ser e do Diego de Moraes e o Sindicato? Não há conflitos de interesses entre as duas Bandas? Os estilos são os mesmos? Quais são os projetos para cada uma?
Diego de Moraes: Pó de Ser: Eu (voz e violão); Kleuber Garcêz (voz/violão); Hermes dos Santos (flauta/teclado); Fernando Cipó (baixo); Ricardo Roqueto e Danilo Rosolem (percussão).
Diego e O Sindicato: Eu (voz/violão/guitarra); Gabriel Cruz (percussão/efeitos/back-vocal); Hudson Rabelo (bateria); Eduardo Kolody (guitarra/sintetizador) e Danilo Teles (baixo).
Não há nenhum conflito de interesses entre as duas bandas. Até porque cada uma surgiu de uma forma e tiveram trajetórias por caminhos distintos. Cada banda é uma porta com uma chave distinta. São bandas com lógicas diferentes, com estilos diferentes. Claro que tem os pontos de conexão (pois tem a minha cara feia nas duas); mas a sonoridade e o tipo de letra são diferentes. Isso se deve muito ao fato de grande parte do repertório do Sindicato, ter escrito sozinho.
Enquanto o do Pó de Ser é de canções de dois autores em diálogo. Além do tipo de composição, também tem a diferença das formações e dos instrumentos utilizados em cada uma. Existe o interesse pelo estranhamento, pelo contra-tempo.
A gente gosta das duas pontas: a esquisita e a simplesmente bonita, sutil, simples. O Pó de Ser já tem um disco composto – em que a faixa-título será “A Dança da Canção Incerta”. Só falta $$$ para gravá-lo. Pretendemos terminar o ano lançando um EP com as músicas que temos gravadas. Outro passo é terminar o ano com um clipe; pois um grande meio de divulgação da banda hoje é o youtube.
Essa última formação do Sindicato tem em destaque efeitos – como a máquina de sampler do Gabiras, que solta sons (como de cachorros, sirenes, falas) durante o show –, uma pegada cada vez mais pesada, mais rock e menos aquele lado “folk” do “Parte de Nós”. Como eu já disse uma vez: estamos “menos folk e mais fuck you”.
O Sindicato pretende fazer um registro do que foi desenvolvido do ano passado pra cá. A idéia era lançar um disco chamado “Buraco Negro”; desenvolvendo esse caminho aberto por músicas como “Construção” e “No Bastidor”.
Casal Lalio: Fale sobre O "Waldi & Redson".
Diego de Moraes: O "Waldi & Redson" é um projeto muito importante pra nós que participamos. É uma dupla que tenho, desde 2008, com o Chelo, que, hoje, toca baixo no Porcas Borboletas. A dupla surgiu em torno do universo de amizades do Sindicato (o Chelo, que é o Redson, era o "homem multi-instrumentista" do Sindicato) e do Filhos de Maria e Madalena. Enquanto dupla (acompanhada por uma banda maluca) trazemos os nossos gostos sertanejos (destacando as histórias de bang-bang do Leo Canhoto e Robertinho, por exemplo) para a nossa vivência rock'n'roll.
É uma alegria poder continuar tocando com o Chelo, que irradia energia boa por onde passa. No início de 2012, antes do apocalipse, pretendemos lançar o nosso disco "Minha Vida Empanzinada", que contou com a produção do Moita (guitarrista do Porcas) e foi gravado, nos intervalos das nossas agendas, desde o fim do ano passado.
Já tiveram sessões de gravação em Uberlândia, em Goiânia (no sítio do Fernando Simplista) e aqui em casa, em Senador Canedo (onde gravei os vocais, no mês passado). Tem gente que acha que é piada, mas falamos sério do nosso sofrimento, das chateações da nossa vida, "essa vida empanzinada".
Acho importante falar pois é o meu projeto que já está com um produto engatilhado (a gravação está pra sair) e é bem respeitado por muitos do underground. No mês passado, por exemplo, fizemos o "Waldi e Redson e amigos" em Goiânia (que é um espetáculo em que convidamos nossos brothers músicos da cidade visitada).
Alô galera de Uberlândia, amanhã tem show da dupla "Waldi & Redson e amigos". Não percam!
Para quem quiser saber mais sobre o Diego de Moraes ou contratá-lo, ou segui-lo no twitter, ou patrocinar as bandas dele, esses são os contatos:
Email: diegoleigo@gmail.com
Twitter’s: @diego_de_moraes ; @diegoesindicato ; @bandapodeser ; @WaldieRedson ; @ProjetoMascate
Facebook: https://www.facebook.com/diego.de.moraes
Soundcloud: http://soundcloud.com/dondiego