Background

Cinema e Divulgação Científica - Parte II

O cinema não aborda a ciência somente nos temas de ficção cientifica. Em Greystoke, a lenda de Tarzan, o senhor do macacos (1883), onde a história ronda em torno de um bebê criado por gorilas, o qual quando adulto se vê dividido entre o mundo dos homens e o coração da selva africana. Sendo o líder do grupo de gorilas e conde no mundo dos homens. Constrói uma parábola critica para o mundo moderno. Se analisarmos esse filme veremos que ele engloba três momentos históricos; sendo ele:

Greystoke, a lenda de Tarzan, o senhor do macacos (1883)
quando a imagem do progresso científico e do colonialismo estava no auge, por volta da segunda metade do século XIX; as rupturas trazidas pelo início da I Guerra Mundial; e o final do século XX com a crítica ao método e discurso científico. 

A cena mais importante desse filme se desenrola no Museu Britânico de História Natural. Nessa cena John Clayton (Tarzan) preside uma abertura dedicada a biologia evolutiva. Transtornado com o que vê (um ambiente que a natureza foi catalogada e disposta para visitação em caixinhas de vidro e animais empalhados) abandona esta ala e entra acidentalmente no laboratório de primatologia, destinada aos cientistas. 

Neste momento ele vê macacos dissecados e em gaiolas para serem estudados, também vê seu ‘pai’ macaco, preso em uma jaula. A seqüência se passa como se o cineasta quisesse revelar o que há por trás, escondido sob a fachada de organização da galeria: experimento e manipulação da natureza onde a ‘catedral do saber’ virou caverna de trevas . O filme de Tarzan mostra os anseios contemporâneos de respostas para as distorções do progresso científico e da descrença pós-moderna da sociedade.
A difusão de conhecimento se dá em três processos: no meio acadêmico, de forma dinâmica ou por osmose cultural e pelas narrativas ficcionais. O primeiro difunde o conhecimento pelas instituições como as escolas ou universidades. O segundo é passado através de histórias comuns e pessoas, pela família ou pela cultura onde se vivem os indivíduos. Já a narrativa ficcional utilizando dos meios de comunicação de massa repassam, sem o formalismo acadêmico, os seus conceitos. 

Por isso a narrativa ficcional é sempre acusada de vulgarização do conhecimento. Todavia a arte pode tornar o mundo muito mais inteligível do que as palavras densas do discurso cientifico, podendo tornar a tecnologia e o conhecimento acessíveis a públicos não especializados dando-lhes um processo de auto-reflexão.

 Independentemente de a ciência representada no cinema ser crível ou não, as imagens podem transformar a fala técnica da ciência em um domínio emocional do discurso público, ajudando na assimilação cultural das descobertas científicas ao mesmo tempo em que as divulga para o grande público, leigo em sua maioria.



Leave a Reply